Simulado 5 questões de Português – Enem

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Faça este rápido e simples simulado com cinco questões de gramática para exercitar o conhecimento em português para a prova do ENEM.

Simulado para Enem - Português

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  • À noite, sozinha na cama, amargura, culpa, choro envergonhado, desejos 2 inconfessáveis, pensamento em Gonçalo. Olhos nos olhos de Tanira, tão 3 desvairadamente verdes. Os noivos na cama longe dali decerto abraçados, colados, 4 fundidos. Olhos nos olhos mesmo no escuro. A cor dos olhos dele devia brilhar no 5 escuro, como os dos gatos, dos tigres. Um gato no cio miou lá fora, e ela 6 revirando-se, mãos buscando água na mesinha de cabeceira, sono pesado, pesadelo verde, 7 cheio de olhos e gatos, valsas e tigres. Na manhã seguinte, a vergonha de si mesma, 8 das coisas que pensara durante a noite — seria doida? O medo de retratar-se em cada gesto, em 9 cada palavra, a fazia cerrar-se áspera à menor tentativa de 10 aproximação dos pais e das irmãs restantes. E à noite, outra vez, o corpo ardia no 11 desejo impossível do do corpo do primo. Os dias atordoados, as noites longas, 12 suores, frustração. O tempo, remédio pra tudo, diziam, passando. As irmãs casando 13 sem parar. Teresa ressecando. Os pais morrendo.

    14 Quando eles morreram, o pai menos de ano depois da mãe, ela não chorou. Já 15 havia esgotado, pensava, sua capacidade de sofrer. Mas pensando na 16 relativamente boa situação financeira em que ficara após a morte deles, a única 17 solteira e desamparada, não podia deixar de lembrá-los com gratidão.

    ABREU, Caio Fernando. O príncipe sapo in Além do ponto e outros contos, Editora Ática- São Paulo, 2009, p.33
  • O fotógrafo
    Manoel de Barros

    Difícil fotografar o silêncio.
    Entretanto tentei. Eu conto:
    Madrugada a minha aldeia estava morta.
    Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
    Eu estava saindo de uma festa.
    Eram quase quatro da manhã.
    Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.
    Preparei minha máquina.
    O silêncio era um carregador?
    Estava carregando o bêbado.
    Fotografei esse carregador.
    Tive outras visões naquela madrugada.
    Preparei minha máquina de novo.
    Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
    Fotografei o perfume.
    Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
    Fotografei a existência dela.
    Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
    Fotografei o perdão. (…)

    BARROS, M. de. Meu quintal é maior do que o mundo: antologia. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2015.
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